Tudo começou há cerca de dois anos, em meados de 2021, quando o Banco Central lançou uma iniciativa chamada open banking, que visava trazer mais inovações para o sistema financeiro brasileiro. Por meio do compartilhamento de dados disponibilizados com o consentimento dos consumidores, diversas instituições financeiras passaram a oferecer uma série de serviços para clientes que não faziam parte de sua carteira. Isso ajudou (e ainda está ajudando) a ampliar a concorrência no setor, abrindo espaço para novos players e melhorando a oferta de produtos e serviços financeiros.
Em pouco tempo, esse projeto ganhou corpo e milhões de brasileiros e centenas de instituições passaram a usá-lo. De lá para cá, muitas coisas aconteceram, inovações e propostas foram sendo implementadas de forma a ampliar o programa, o que levou à mudança de nome de open banking para open finance em março de 2022. Hoje, é possível não somente ter acesso a serviços tradicionais de outras instituições a qual você não tem conta, como solicitações de crédito e pagamento de contas sem taxas, por exemplo, mas também contratar ou utilizar outros serviços e funcionalidades tais como câmbio, investimentos, seguros e previdência na instituição que achar mais adequada.
Claro, o sistema ainda não está totalmente implementado, mas já vem se demonstrando um sucesso. Segundo dados divulgados pelo Banco Central no evento da Febraban Tech 2022, promovido pela entidade de mesmo nome (Federação Brasileira de Bancos), já foram computados mais de 7,5 milhões de consentimentos de compartilhamento de dados feitos por clientes de mais de 800 instituições financeiras.
Ou seja, como você pôde perceber, o open finance é um passo muito importante para a modernização do sistema financeiro do país, fazendo parte de um movimento que inclui, dentre muitas inovações, o PIX, que caiu nas graças do povo brasileiro em pouquíssimo tempo. Contudo, em um futuro próximo, a ideia é que essas estratégias de abertura e compartilhamento de dados não se restrinjam somente ao sistema financeiro, mas que sejam espalhadas para diversos outros setores, proporcionando ainda mais serviços, produtos e ofertas com melhores condições para as pessoas.
Open everything: a nova fronteira do open finance
Essa realidade que estamos falando é o tão esperado “open everything”, em tradução livre, “abrir tudo” e, parte dele, já começou a ser implementado. Lembra de quando falamos da mudança de nome do open banking para open finance? Pois então, dentro dos muitos serviços e funcionalidades que foram implantados, um setor em especial se destaca: o de seguros. Tanto é que, essa iniciativa de abrir e compartilhar os dados para esse segmento deu tão certo que ela até ganhou um open próprio, o chamado open insurance, sistema voltado para atender as empresas que trabalham dentro desse ramo.
Desse modo, a proposta é que esse conceito de abertura e compartilhamento de dados seja expandido para diversas áreas como telecomunicações, saúde, entretenimento, educação, delivery, entre outras; sendo trocados e combinados entre essas diferentes áreas de modo a oferecer serviços novos e únicos.
Assim, analisando de uma perspectiva ampla, todo setor que possui uma base de clientes digitalizada e que trabalha constantemente com ela, pode ser um candidato em potencial a ter uma categoria de Open. Dessa forma, algumas inovações como “open health”, voltado para o mercado de saúde, “open streaming", orientado para diferentes serviços de streaming como Netflix e Spotify ,“open telecom”, direcionado às operadoras telefônicas, “open education”, orientado para cursos e instituições de ensino e “open delivery”, voltado ao mercado de entregas, são somente algumas ideias de “opens” que um dia poderão se tornar realidade.
Como funcionará?
O open everything terá os mesmos mecanismos de ação que o open finance possui, porém, obviamente, em uma escala bem maior. Esses mecanismos baseiam-se nas APIs, que nada mais são do que aplicações que permitem a troca e integração de informações entre dois sistemas. Para ilustrar isso de maneira clara, imagine que uma empresa deseja fazer um aplicativo e uma das funções que ele precisa ter é um software que meça dados meteorológicos. Em vez da empresa criar esse software do zero, ela pode solicitar uma API que já existe e que possui esse software de alguma outra empresa, integrando-o em seu aplicativo.
No open everything esse processo funcionaria da mesma forma, porém ao invés de informações meteorológicas, as APIs desenvolvidas seriam voltadas a compreender os dados compartilhados e que foram consentidos pelos usuários, de modo que as empresas possam oferecer a melhor oferta de serviço para eles. No passado, esse processo de integração era bem complicado de ser feito, devido às diferenças nos programas das APIs e alto custo de integração. Contudo, sistemas mais potentes e com maior poder de processamento foram criados e, com isso, essa integração passou a ser uma realidade, permitindo que o cenário open começasse a surgir, em especial, o de open finance.
Devido a essas padronizações nas aplicações, o processo de integração ficou bem mais ágil, facilitando o compartilhamento de informações entre uma aplicação e outra. Um belo exemplo disso é o já citado PIX, que nada mais é do que uma aplicação que permite a transferência imediata de valores entre diferentes instituições financeiras, sem ter que passar por alguns transtornos que transferências via DOC ou TED apresentam, como o pagamento de taxas entre bancos distintos ou a demora na transferência.
Dessa forma, o open everything pretende abrir um leque de possibilidades nunca antes visto, tanto para as empresas quanto para os clientes. Pense por exemplo que você é assinante do Spotify e deseja mudar de plataforma. Pode ser uma dor de cabeça migrar para um novo serviço de streaming de música como Youtube Music ou Deezer, já que estes não conhecem seus gostos, playlists mais escutadas e demais informações que o Spotify possui. Porém, com o Open Streaming, a ideia é fazer com que todas as plataformas conheçam seu perfil e te mostrem opções do catálogo de acordo com seu gosto.
Outro exemplo que pode ser citado é o open health, que já começou a dar seus primeiros passos, com informações compartilhadas de pacientes entre convênios, laboratórios, hospitais e demais serviços de saúde. Dessa maneira, quando uma pessoa chega em um estabelecimento do gênero, os profissionais daquele local terão acesso a todo seu histórico de saúde, exames e demais procedimentos realizados, agilizando processos e oferecendo um atendimento mais atencioso. Com tudo isso, dá para entender porque o open everything deve ser contemplado como uma revolução tecnológica sem precedentes não é mesmo?
E aí? Gostou de conhecer mais sobre o open everything? Então, não deixe de conferir os serviços e soluções de quem proporciona o melhor do open finance e open insurance para você. Seja mais com a TecBan.